terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Nossos Deuses Interiores - IV
Em meio a toda discussão e batalha de polaridades egóicas, bem típico dos Deuses por sinal, os sons tempestuosos que balançavam a casa quase não eram percebidos... mas após um ribombante e ensurdecedor trovão a voz imponente e magnífica se faz presente em todo o ambiente.
“EU SOU O GUARDIÃO DOS VALORES HUMANOS, NADA ACONTECEU NESTE PLANETA, QUE NÃO TENHA PASSADO POR MEUS JULGAMENTOS, COMO ALGUÉM OUSA SE ANTECIPAR A MIM, QUE SOU O SENHOR DESTE MUNDO!”
O ambiente que já estava opressor ficou ainda mais tenso, pois essa voz, que todos sabíamos a origem não trazia consigo imagem, além do céu em fúria descendo sobre nós, entrando pelas janelas como algozes ávidos em demonstração de poder e supremacia, os ventos bagunçaram toda a casa e eu pude ouvir algumas coisas se quebrando, em sons indistintos, mas que nesse contexto me davam a certeza de muitos estragos.
Num turbilhão de forças que se faziam presentes, pude notar no olhar de Vênus um descontentamento, uma sensação de deslocamento desagradável, quando eu tento seguir seu olhar e entender o que ela pode estar vendo, uma explosão joga a nós dois num canto da sala, as poucas coisas que não estavam encharcadas pela chuva entrando loucamente agora estão pegando fogo e algo inesperado apareceu na minha frente!
Um calor intenso, um cheiro desagradável, pungente, como se eu tivesse ido parar numa sauna a seco de metano, dentro de um lixão... O barulho pesado e riscado dos cascos no azulejo, além de irritante indica que ele está se direcionando para cá, com seus cornos espirais voltados para mim eu encaro Áries na pior posição possível, no caminho dele...
Eu me jogo noutro canto, prefiro cair em cima de coisas pegando fogo que tomar uma chifrada dessas. Assim que me recomponho vejo que o alvo dele não era eu, mas a Deusa que se colocava próxima de mim, preso por uma corrente de metal dourado e incandescente, o animal ficava preso pelo pescoço, em duas patas, com o falo ereto na direção da Deusa do Amor.
Agora ficam claros os sentimentos opressivos que Vênus demonstrava ao ver a chegada de Áries, mesmo preso pela corrente ele avançava em direção da Deusa e ela acaba por cair pela janela localizada no lado oposto da sala... Até tentei esboçar uma reação, mas eles são Deuses e eu aqui, sou só eu, o que eu poderia fazer?
Sem seu alvo em mente a criatura de pelo dourado, parecendo mais um cavalo pequeno que um carneiro, com um porte muito mais aterrorizante que qualquer Baphomet, olha com seus olhos cauterizantes para mim, merda, será que essa é aquela parte do ritual onde o conjurador acaba muito mal?
Marte olha enraivecido a situação, por que ele não faz nada? Como assim o Deus da Guerra ta apreensivo?
Eu já me preparava, sabendo que diante daquela situação, para mim, campos elísios ou Olimpo não seriam opção... Duvido que o chefão vá autorizar. Resignado, sabendo que uma porrada daquele bicho iria me fazer um estrago letal, eu me encolhi e esperei, não ia demorar 2 segundos... Mas antes de completar o primeiro segundo eu ouço um som abafado, seguido de um grunhido de dor, que quando vi provinha do carneiro, quem puxou sua corrente? Marte resolveu tomar uma atitude?
Voltando meu olhar para o Deus da Guerra eu o percebo ainda mais irritado e constrangido, afinal, senão o senhor de Áries poderia fazer aquilo com esse animal? De forma rápida e desta vez sem aumentar os prejuízos (não que ainda tenha muita coisa para ser quebrada/queimada/encharcada por aqui, mas ele podia resolver por a casa à baixo...) o carneiro atravessa a janela e volta ao céu.
Assim que o filho de Hera resolve se colocar em posição para sair, uma tormenta poderosa passa através dele e joga-o novamente num canto, só que agora no chão.
A presença agora era indiscutível, realmente, quem teria poder para submeter Marte e Áries? A tempestade e a destruição foram só uma forma de apresentação dele e utilizar o carneiro foi só uma forma de aproveitar o céu e marcar sua presença de forma a não deixar dúvidas a todos nós do engano que foi eu não ter começado a conversa com os Deuses através Dele.
Continua...
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4 comentários:
Fabuloso texto! Adentrei na história e vivenciei - temeroso - toda essa epifania!
Parabéns!
Muito obrigado pelo apoio amigo! É sempre bom ler um comentário positivo!!! Tudo de bom !
Cheguei ao seu blog por acaso, e sou grato ao Acaso pelo encontro!
Um abraço!
Você conseguiu me deixar curioso! Comentei sua postagem lá no blog. Um abraço!
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